A combinação entre pandemia, guerra e recessão está a afetar toda a economia em Portugal e na Europa. Mas será este fenómeno um obstáculo e grande desafio ou pode também ser visto como uma oportunidade para o setor contabilístico e financeiro?
Este olhar sobre o presente faz-nos compreender a necessidade de encontrar formas de enfrentar o momento atual. Mas como é que os empreendedores e as pequenas empresas são impactados? E como é que os Escritórios de Contabilidade podem ser a chave para a inversão da situação controversa atual?
Foi este o tema de debate do primeiro dia do Accounting Summit, o maior evento digital para contabilistas e financeiros, onde foram debatidos temas como a recessão, o papel dos contabilistas nas empresas e a transformação do setor empresarial e contabilístico.
Os desafios do cenário económico atual para as empresas
Numa perspetiva mais negativa da realidade económica portuguesa, e numa altura em que se discute o OE para 2023, José Gomes Ferreira, jornalista e diretor-adjunto de informação da SIC, comparou a atualidade com um truque de ilusionismo do Governo.
Mas este panorama pessimista tem soluções à vista: colocar as empresas e o seu papel na geração de riqueza em primeiro lugar, minimizando o impacto da crise económica na atividade empresarial. A resposta para criar mais riqueza passa pela proteção das empresas e pela “libertação das empresas da carga enorme de custos de contexto” para, consequentemente, ser possível aumentar salários.
“Devia ser criado um ambiente propício ao investimento e com menos carga fiscal e parafiscal e deixar as empresas criar riqueza”
– José Gomes Ferreira, diretor-adjunto de informação da SIC
Segundo o jornalista da SIC, num resumo simples do cenário ideal neste panorama económico desafiante, a agenda pública deveria ser:
- Deixar as empresas investir
- Baixar a carga sobre a atividade empresarial
- Deixar as empresas criar riqueza para aumentar salários
Mas o que sabemos sobre o impacto da recessão junto das empresas e como a podemos tornar numa oportunidade?
Os empreendedores enfrentam hoje uma fase de crise – face ao cenário pandémico e pós-pandémico –, mas também de guerra. Simultaneamente, vivem também uma fase de transição económica. Mas como é possível enfrentar, da melhor forma, o impacto da recessão? De forma cautelosa, mas procurando sempre as oportunidades no escuro.
“Nos últimos 10 anos construiu-se esta ideia de que é fácil angariar capital para crescer um negócio, se esse negócio for de alto potencial, mas, hoje em dia, já não é esse o caso. Os empreendedores quando olham para uma empresa, olham para métricas sólidas, se a empresa é lucrativa ou não, já há mais resistência e cuatela no investimento”
– Cristina Fonseca, General Partner na Indico Capital Partners
Mas para encontrar esta tão procurada oportunidade, é fundamental contar com o apoio dos contabilistas. É aqui que o seu papel ganha enorme relevância.
Como é que o trabalho dos contabilistas pode ser importante nesta fase?
Quem começa um negócio são, muitas vezes, pessoas que não têm formação em contabilidade e finanças. Por isso, os contabilistas têm a oportunidade e o desafio de ajudar os fundadores a “ter sempre a casa em ordem”.
O que faz do contabilista um elemento essencial para o funcionamento das pequenas empresas?
O contabilista é um elemento fundamental no funcionamento das pequenas empresas, mas também das médias e das grandes.
Contudo, a verdade é que os contabilistas não são super-heróis e, nos últimos anos, o burn out começou a tornar-se uma realidade neste setor. Em que sentido é que é necessário repensar a saúde destes profissionais? Faltam profissionais no setor? Se sim, como os atrair? Quais as skills necessárias para o profissional do futuro? O que faz falta ao setor para que se encontre um ponto de equilíbrio – vida profissional versus pessoal; qualidade de serviço vs rentabilidade?
Estas foram questões levantadas por Isabel Cipriano, Presidente da APOTEC, que, além das necessidades das empresas, apresenta um outro cenário no trabalho dos contabilistas e nas suas necessidades.
A resposta a estas questões pode – e certamente estará – na tecnologia. Com as ferramentas certas, os contabilistas passam a assumir “um papel de suporte à tomada de decisões úteis, nomeadamente às decisões de gestão e de investimento”.
Será a combinação de pandemia, guerra e recessão o gatilho que os contabilistas precisavam para se transformarem efetivamente?
O contabilista atual tem ao seu dispor a forma real de fazer contabilidade digital, sem papéis. Esta é a resposta para agilizar o trabalho dos contabilistas que, consequentemente, simplificará o trabalho das empresas, com a oferta de maior valor no trabalho prestado.
“A pandemia veio proporcionar uma forma de trabalho remota, através de ferramentas colaborativas, que aproximam os contabilistas dos seus empresários”
– Vitor Pinho, CEO da Cloudware
Vitor Pinho, o CEO da Cloudware, empresa portuguesa que desenvolve software de gestão e contabilidade, acredita que as empresas e os contabilistas “devem olhar para a pandemia e para a transformação do trabalho local para o trabalho remoto, como uma oportunidade para transformarem os seus processos” e olhar também para as ferramentas que estão a ser construídas e que estão à disposição para transformarem as formas de trabalho.
Como será um Escritório de Contabilidade no Futuro?
O papel da tecnologia
A tecnologia é um gatilho para transformar processos, mas também mentalidades.
Os contabilistas vêm de um mundo carregado de papel e burocracia e usar ferramentas digitais pode aproximar estas duas realidades – o digital do tradicional.
Mas as relações entre empresários e contabilistas podem ser desafiantes se não existirem ferramentas certas – a falta de comunicação e falhas de informação podem ser obstáculos ao trabalho tanto das empresas como do Escritório de Contabilidade. Contudo, tal como Cristina Fonseca reforça, “os contabilistas existem nas empresas para adicionar valor” e as empresas têm de os tratar como tal.
“A missão principal do contabilista não é para apurar e pagar impostos. Em Portugal confunde-se o processo com a missão do contabilista.”
– Isabel Cipriano, presidente da APOTEC
Como é que os contabilistas podem mostrar o valor que têm?
Precisam de tempo e de tecnologia. Mas como pode a tecnologia dar resposta ao contabilista?
“O papel dos contabilistas será muito mais de adicionar valor, de ser advisers e de ajudar os empresários a serem melhores gestores”
– Cristina Fonseca
E como é que a tecnologia pode dar resposta ao contabilista?
Tal só será possível se o contabilista delegar na tecnologia operações repetitivas. Só assim poderá entrar na era da contabilidade digital e colaborativa. E este cenário apenas traz vantagens quando a aposta está na tecnologia certa:
- Automatização do trabalho administrativo repetitivo e sujeito a erro
- Colaboração em tempo real com os clientes
- Mecanismos de integração automática, rastreabilidade de documentos e automatismos inteligentes
- Informação sempre atualizada, bem estruturada, organizada e de fácil acesso
