Que tendências vão dominar o futuro dos serviços financeiros e de contabilidade? E como é que a tecnologia vai impactar a prestação destes serviços? A verdade é que o setor financeiro e contabilístico já adotou a tendência digital-first: um modelo que prioriza o digital em detrimento do tradicional.
Tudo isto se deve, não só à pressão em reduzir custos e aumentar a produtividade, como ao crescimento contínuo de novas tendências no mercado, como o Open Banking, Blockchain, a Cloud, a Inteligência Artificial ou o Machine Learning. Somando a estas inovações fatores externos como a pandemia ou a guerra e cenário de crise, a aceleração digital das empresas foi enorme.
Foi assim que António Murta, Managing Director da Pathena, iniciou o 2.º dia do Accounting Summit 2022, apontando as vantagens e oportunidades da tecnologia no setor empresarial.
Como as tecnologias impactam o setor empresarial, financeiro e contabilístico?
Em curso está uma 3.ª vaga do digital, que tem como base a blockchain, uma tecnologia que, não tarda, entrará em todos os setores. Mas é também nesta 3.ª vaga do digital que a cloud ganha ainda mais relevância. E a principal razão pela qual as empresas apostam na cloud é simples: a cibersegurança dos dados. Mas também a Inteligência Artificial tem um papel impactante nesta mudança estrutural de processos empresariais:
“Hoje a performance dos sistemas de IA já é superior à dos humanos em certos âmbitos altamente especializados”
– António Murta, Managing Director da Pathena
A verticalização de soluções é uma tendência importante para a digitalização
A especialização, especialmente para os escritórios de contabilidade, está assente na verticalização de soluções. Esta verticalização traz uma oportunidade para os escritórios de contabilidade se especializarem, maior conhecimento do negócio e, consequentemente, maior valor acrescentado.
“Um contabilista verticalmente focado, que aposta na cloud, aumenta o valor acrescentado dos seus serviços”
– António Murta, Managing Director da Pathena
O impacto do remote work nas empresas
Não chegou apenas, fruto da pandemia, uma necessidade das empresas adotarem uma nova forma de trabalho, entrou, também, no mercado de trabalho uma nova geração – uma geração para a qual o remote work é extremamente importante. Felicidade Ferreira, Country Manager da PRIMAVERA, acredita que esta geração tem 3 grandes características importantes:
- Valoriza a qualidade de vida – distingue o tempo pessoal do profissional e prioriza o tempo útil para a família e amigos.
- Tem grandes preocupações ambientais – muito mais do que as gerações anteriores e, com o teletrabalho, deixa de existir a necessidade de deslocações casa-trabalho.
- É uma geração que nasceu na era digital – está, por isso, habituada a ter a informação de forma instantânea e em qualquer lugar.
E a verdade é que esta geração traz todas estas características para o mercado de trabalho.
Atualmente queremos tomar decisões em qualquer lugar e em qualquer altura, sem precisar de ir ao escritório. O remote work impulsionou isso mesmo: a que a tecnologia também respondesse a essas necessidades.
A saída da pandemia e o contexto atual nas empresas
Não foi apenas a tendência do remote work que surgiu da pandemia, foi também a necessidade de fazerem mais e melhor e investirem na qualidade de produtos e serviços.
Os contextos das empresas ditam em que setores têm de ser melhores. Isto significa que tem de existir uma análise de custos muito mais afinada para, no final, os resultados serem os mais positivos possíveis.
Este remote work não trouxe só vantagens para os trabalhadores, mas também para as empresas de contabilidade que podem, perfeitamente, aproveitar esta realidade para se reinventarem a si e aos seus serviços.
Os desafios do remote work
Tudo muda para quem trabalha, mas também tudo muda para quem lidera
Assistimos, cada vez mais, a uma alteração daquilo que são as funções base numa área financeira, de planeamento e controlo, de contabilidade, para desenvolvimento de novas competências numa lógia mais estratégica.
“As exigências do mundo atual fazem com que as empresas tenham de se adaptar a estas alterações e acabam por ter um perfil de liderança muito mais multifacetado e com competências mais ágeis”
– Mafalda Martins, CFO da MOBI.E
Se houve alguma coisa positiva da pandemia, foi a aceleração desta flexibilidade no trabalho, mas também há algumas desvantagens: acaba por afetar a cultura empresarial, as relações interpessoais e o papel dos líderes.
Mas há outro desafio: como é feita a avaliação dos colaboradores?
A avaliação tem de ser feita cada vez mais com base em KPIs e menos com base em controlo, fiscalização e acompanhamento permanente. A base do trabalho remoto tem de ser a confiança nas equipas.
O que fazer para não se perder esta cultura organizacional?
O grande desafio das lideranças é manter os momentos de partilha entre as equipas. Os momentos de encontro para partilhar, discutir assuntos e interagir com os restantes colaboradores do ponto de vista social não se podem perder.
“Uma empresa não é apenas um local onde se trabalha, mas um local onde estabelecemos relações sociais também”
– Felicidade Ferreira, Country Manager na PRIMAVERA
Como vai ser o papel dos profissionais e de quem lida com o departamento financeiro?
O futuro vai ser muito mais intenso em termos tecnológicos. Por vezes resiste-se a esta mudança, por receio e medo do desconhecido, mas a tecnologia pode ser uma oportunidade tremenda.
A tecnologia pode aproximar as empresas dos clientes. Como?
- Se os empresários tiverem acesso a toda a informação em tempo real é mais fácil e rápido tomar decisões
- Existem muitos menos erros processuais com o apoio da tecnologia
- Todos os processos são mais rápidos com a integração da informação e a automatização de processos
“Quando as pessoas compreendem a vantagem da tecnologia, é muito mais fácil conseguirem adaptarem-se”
– Luís Barbosa, Partner da SBA
